terça-feira, 9 de setembro de 2008

Para um Amor Meio Capenga

Ele vai pensar que estou de brincadeira. Vai pensar que meu amor por ele é mentira, dessas que contamos na noite bandida. Dessas que contamos para fingir que amamos alguém além de si. Mas o amor é fato concreto e inalienável. Posso pular, dançar, beber cerveja, e até sorrir. Conseguir me concentrar no leão jurado de morte antes mesmo do nascimento. Enfrentar não só os dragões e tudo que há por trás dos livros de mitologia em uma tarde de sexta, como também o segredo das atitudes de quem quer me ver no chão. Desfrutar da mais pura vitória, emplacar a manchete no caderno principal. Correr pela rua tentando escapar do amor não correspondido como se a dor fosse física. Mas quem já sofreu de dor dente, o que pensar da dor de amor?
Eu estou ali, cansada de esperar o que vem com as mãos beijadas. Esperar o quê, afinal? Não seria pecado maior desistir, sentar em um canto e observar as meninas passarem, triste porque existe diferença entre o jeito e o trato, pensar durante três anos a cada dia o que deu errado. O mais trágico seria deixar as coisas que amo por um amor meio capenga, desses que a gente não sabe se vai para frente.
Ele pode pensar que minto, mas qual é a verdade maior que a vida – se a verdade não é mais que projeções frágeis que existem no imaginário desesperado dos carentes? Se minha vida é cercada de euforia, delírio nos múltiplos caminhos possíveis, e gente de verdade – não gente pasteurizada que anda entre as máquinas de fumaça inalando conceitos rasos – é para não esquecer, para reafirmar a cada instante o egoísmo contido no amor. Muito mais que uma plantinha regada e blábláblá, ele tem a força dos parasitas. Nós, os leigos, não sabemos muito bem como eles se instalam. E é doença sem cura, é a crônica final do festejado cortejo de morte. Vistam-me com minha melhor roupa e engraxem meus sapatos. Pois já não sou contra a doença.

P.S: E se me curar, diz para ele que estou no trabalho falando mal do caderno Show. Pensando naquele sorrisão lindo, é lógico.

Um comentário:

Rasguyasminhas disse...

issso realmente foi muito tu, e foi muito a conversa que a gente teve ontem.