quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Anima Mundi e saudades do meu fazine triste

Hoje é dia de animar, então vou publicar aqui uma reportagem que fiz com a Lea Zagury, uma das criadoras do Anima Mundi no ano passado. Ela é do primeiro número do meu fanzine, que hoje me arrependo de ter exitinto drasticamente. Vamos levar em consideração que eu era uma simplória estudante (e ainda sou) do segundo ano de jornalismo.


O “monstro” Anima Mundi.

“O Anima Mundi é um monstro. Ele sai correndo e a gente corre atrás dele.”, compara Léa Zagury, uma das criadoras do festival ao falar sobre as dimensões alcançadas pelo evento. A seguir, conheça mais o que está por trás desse festival, que ao contrário do que alguns pensam, tem origens brasileiras.

Eram 19:40 h. Faltavam 20 minutos para última sessão do Anima Mundi. Quando entrei no galpão onde fica o Teatro Maria Sylvia Nunes, não havia muita gente e a bilheteria estava fechada. Encontrei um amigo e perguntei, surpresa : “O que ta acontecendo aqui, cara?”. “Já esgotaram os ingressos”, respondeu. Isso foi só um reflexo do que foi o Anima Mundi Especial Pará 2007. Um sucesso. Filas gigantes rumo a bilheteria e à entrada do cinema, ingressos esgotados para quem não chegasse com antecedência, e curtas, muitos curtas de animação . No Sábado, tive a oportunidade e o prazer de conversar com Léa Zagury, animadora e documentarista, além de ser a curadora do maior festival de animação da América Latina. Muito paciente com o nervosismo e a falta de prática com esta que vos fala, explicou como surgiu a idéia de realiza-lo (a primeira edição foi em 1993). Ela e mais três amigos (Aída Queiroz, Marcos Magalhães, César Coelho) se conheceram durante um curso de cinema do Canadá. Em comum, havia o interesse por animações e decidiram organizar uma mostra de vídeos de animação com objetivo de mostrar ao público as novidades, estimular a produção nacional, e também para eles assistirem. Como destaque do evento, trouxeram o criador do desenho “Os Simpsons” , Matt Groening, que Lea conheceu em Los Angeles. Devido a grande divulgação da mídia, o público foi de, aproximadamente 6 mil pessoas. Mas eles não esperavam que a mostra de vídeo se tornasse festival, e o festival o maior da América Latina. “Somos todos artistas. E os artistas não esperam nada.”, comenta Léa. Ela atribui o sucesso do Anima Mundi ao público brasileiro. “Em outros lugares do mundo, não há toda essa festividade. Isso acontece porque no Brasil as pessoas são receptivas, gostam de novidades, inovações, diversão. E a animação possui todos esses elementos.” Nesta edição, foram recebidos cerca de 1.200 curtas metragens. Como selecionar os melhores? “Os quatro assistem TODOS, e depois fazendo uma votação. São avaliadas as técnicas, o roteiro, o bom humor... O processo é cansativo, dá um ‘ressaca’ de tanto ver filme (risos) .”, conta. Quando é preciso fazer a seleção para a versão “pocket” do festival, como o que acontece em Belém, o processo é diferente: São escolhido além daqueles que eles gostam, os premiados, os de maior aceitação pelo público, e se for o caso, os que estão relacionados à região, para incentivar a produção local em lugares sem tradição em animações, principalmente.
Ao assistir os curtas, reparei que os filmes mais bem produzidos (não pareciam amadores, alguns até com jeitão de “blockbuster” , como no caso de “Caçadores de Códigos” ( Code Hunters, Reino Unido)), eram feitos em 3D. Isso me levou a pensar que talvez a técnica lápis sobre papel estivesse com os dias contados. Mas não é bem assim. “A euforia em relação ao 3D já passou. Hoje em dia não é mais novidade. A tendência é que haja misturas entre as técnicas. Só 3D acaba enjoando.”, opina Léa. “O Nick Park fez ‘A fuga das galinhas’ (2000), ‘Wallace e Gromit’ (2005) e todo mundo gostou.”, completa fazendo referência à técnica “Stop Motion” (cada movimento é fotografado e modelado para depois serem projetados em série).
E ainda, sobre o embate técnica versus conteúdo, a curadora do Anima Mundi afirma que os dois têm o mesmo peso em uma animação.”Não adianta fazer a animação cheia de efeitos sem uma história interessante. E também não adiante fazer uma animação ‘estranha’ que não prende a atenção do público. O animador tem que sempre buscar o ápice, e encontrar o equilíbrio entre ambos.”,finaliza.



Maldita Cachaça

Léa Zagury também nos falou sobre seu mais novo documentário, “Marvada Pinga, Cachaça Imaculada”. O longa metragem conta a história da cachaça e como ela ao mesmo tempo estigmatizada como bebida de alcoólatras e apreciada como iguaria. Mostra também o universo das cachaças artesanais, onde uma garrafa chega ao preço de r$ 800,00.
O filme, já finalizado, utiliza o recurso da animação, feitas por Léa. Ela, após o término das gravações adquiriu uma coleção de cachaças, e o hábito de pergunta no bar “Qual cachaça você tem?”.”Não tomo Pitu. Passo mal (risos).”, explica. Pergunto se o documentário vai passar em Belém. “Não sei,tomara que sim.”,encerra. Mas pedi o e-mail : marvada.pinga@gmail.com .
Se alguém competente a isso, ler esta humilde publicação, faço um apelo, em nome dos cachaceiros de Belém: EXIBAM O FILME!

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