segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O Anarquista

O mundo deveria ser um fígado. Ele cheira a fígado nos buracos das ruas. Os ônibus me fazem pedir socorro e começo a acreditar que ninguém nos olha enquanto cometemos crimes. Ninguém nos olha quando nos deparamos com aberrações pedindo esmola e no mesmo momento nosso pensamento debanda para o lado sórdido do pensar, manifestado pela simples frase inocente “essa gente deveria ser proibida de circular”. A inocência é um grande problema da humanidade. Quem sou eu para acreditar em discursos oficiais? Não creio em homens sem pecados. Não creio em luta pela pátria. Mas sempre alguém, tomado pela esquizofrenia, vai montar em cavalos brancos e gritar às margens do Ipiranga.
Deus, você nem existe. Então, livre o mundo de guerrear por causa perdidas, insolúveis. Não há nações melhores que nações, você nem existe, portanto não deu a ninguém títulos e privilégios. Não possuímos nem inteligência para entender o que nos move, ou não. Por que uns passam a vida sentindo o cheiro do fígado e outros põem a mesa em seus lares de mentira. Não sei para onde ir quando meu castelo de cartas, invejavelmente em posição de equilíbrio, se transforma em uma partida de pôquer aos domingos. E as apostas são as misérias produzidas no âmago dos que secretamente escapam fingindo não ver aquilo que ali desaba.
Juro não ser niilista e hoje tomo um gole de álcool tridestilado para que o mundo tire as mãos do meu pescoço. Mãe, acabei.

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