domingo, 26 de outubro de 2008

As Hereges

As hereges

As mãos atadas pegam fogo. São as bruxas enfileiradas, que gritam em uma só voz. Não se arrependem. Elas perderam a fé. E agora, o que fazer das bruxas sujas, essas mulheres amargas, desencantadas, perdidas? Queimem-nas! Não tem onde morar, e ficam jogadas ao não-esperar. Sobreviveram à misericórdia, aos cuidados paternais, rejeitaram seus amores, se refugiaram no cárcere da exaustão. As bruxas de tantas riquezas se fizeram pobres aos olhos das autoridades. Não deixavam os doutrinados se aproximassem de suas reuniões. Carregavam seus símbolos até o altar e rezavam baixo, para ninguém escutar.
Quando descobriam as hereges criavam seus mundos particulares, acusaram-nas de utilizar magia em seus rituais. Novamente, estavam amarradas. Elas superaram tudo. Menos a burrice contida na lei dos homens. A praça ainda estava cheia quando as bruxas viraram pó.

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